segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Tudo o que é sólido desmancha no ar


É com essa frase de Marx que Marshall Berman intitula seu livro, publicado na década de 1980, no qual acompanha e analisa a "aventura da modernidade". Foi a partir da leitura dessa obra que comecei a pensar efetivamente sobre o que alguns chamam de "revolução permanente", que acontece no Capitalismo e no mundo ocidental. Estaríamos vivendo numa época em que tudo se transforma incessantemente, numa época que tudo o que acreditamos cai em descrédito, todos os nossos valores são mudados, não temos algo a que possamos chamar verdadeiramente de "nosso"?
Que o mundo promove inovações em uma velocidade assustadora, creio que ninguém irá discordar. Mas isso não seria algo bom para o Homem? Por que, então, são justamente essas mudanças que estão nos jogando numa era de "ausência de valores", onde "tudo que era considerado sagrado é profanado"?
Sinceramente, penso ser essa uma característica demasiadamente capitalista. Essa "ausência de valores" talvez seja uma consequência daquilo que os membros e adeptos da conhecida Escola de Frankfurt chamam de "Indústria cultural", pelo fato de consumirmos algo que não nos faz sentido, e sim, uma cultura que não é a nossa, vendida como se fosse uma mercadoria qualquer.


O capitalismo, levando em consideração o ser humano em relação ao seu poder de compra, reduziu nossos valores, nossa cultura, a uma mera mercadoria, em que o mais importante é o lucro de quem a produz. Como é que isso não vai criar um "vazio cultural"? Como é que isso não vai destruir tudo o que acreditamos, a partir de um momento que o que acreditamos não vender mais e ser demonizado pelo mercado?
Claro que essa experiência tem algo positivo, como a crescente globalização em que estamos inseridos, porém, até mesmo esse conceito de "globalização" precisa ser revisto, tendo em vista o caráter desigual das forças envolvidas. Enfim, vivemos uma era de transformações, uma era de união, embora, nos dizeres de Berman, "uma unidade paradoxal, uma unidade de desunidade: ela nos despeja a todos num turbilhão de permanente desintegração e mudança, de luta e contradição, de ambiguidade e angústia."

Bruno Machado "Animal"
é graduado em História pela UNESP/Franca.

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